Arraial d'Ajuda Bahia
Nos anos 70, fora Arembepe e Woodstock, era o lugar com
a maior concentração de maluco beleza por centímetro quadrado. Parecia
que todos os bichos grilos do planeta tinham baixado por lá. Podiam ser
vistos fazendo artesanato junto ao muro do cemitério, ouvindo e fazendo
música nas barracas de praia e nos agitos noturnos. Eles ainda estão por
lá, mas Arraial d'Ajuda, um vilarejo de sonho, com 12 mil habitantes, no
Sul da Bahia, mudou. Hoje, a malucada vive com conforto.
A igrejinha, as casas de fachadas coloridas, a praça
com pés de flamboyant, o hábito de juntar um bando de gente para esperar
a lua nascer - tudo isso continua igual. Assim como o ar bucólico, o
ritmo sossegado. As pousadas são ainda rústicas, mas chiques, e o
comércio se sofisticou. Há infra-estrutura, coleta de lixo, saneamento
básico, posto de saúde, hospital, aeroporto internacional com vôos
diretos de Holanda, Argentina e Portugal. Em vez do velho ônibus,
modernos veículos 4X4 trafegam em ruas calçadas.
No meio da ladeira há uma fonte e uma pequena
edificação onde se cultua Nossa Senhora d'Ajuda. Dizem que quem se banha
naquela água sempre volta para o Arraial.
Há restaurantes para todos os gostos e bolsos. Se
desejar uma comida tailandesa ou francesa, um nhoque italiano ou uma
legítima moqueca baiana, feita com leite de coco e azeite de dendê
batido no pilão, tem. De pousadas simples a hotéis de luxo, são 7 mil
leitos. Até um parque aquático com 160 mil metros quadrados, considerado
o maior da América Latina e o único ecológico, numa reserva natural de
mata atlântica.
As lojas D'Ajuda só abrem depois das 17 horas. Abrir
antes para que, se até essa hora as pessoas estão na praia? Lá a coisa
funciona mais ou menos assim: de manhã se dorme até as 10, 11 horas e,
depois do café, praia. No fim do dia, sobe-se o ladeirão de volta.
Então, os restaurantes enchem. Todos ávidos por um almoço que vale pela
janta. Aí, é claro, bate um sono danado. Compras, só depois do merecido
descanso. E, tarde da noite, a balada.
Mesmo com as lojas fechadas, vale a pena um passeio
pelo povoado. Imagine: céu de um azul intenso, caminhos de terra
verdejantes e pontilhados de florzinhas que levam a praias de areia clara
e mar transparente. Casas pintadas de amarelo, rosa-choque, vermelho,
abóbora, lilás e outras tonalidades que, a olhos desacostumados, podem
parecer exóticas. Por toda parte, luminárias e lanternas de pano e papel
com motivos florais, geométricos, marinhos.
Geralmente, quem vai ao Arraial passa longe de Porto
Seguro - do outro lado do rio Buranhém, a cinco quilômetros de
distância e 15 minutos de balsa. Mas, se der vontade de tomar um capeta
(bebida à base de vodca e pó de guaraná) na Passarela do Álcool ou ir
a alguma balada regada a axé (no Arraial rola mais MPB, jazz, blues,
erudito), basta fazer a travessia. A balsa funciona 24 horas.
PORTO SEGURO - Vale a pena conhecer o centro histórico
de Porto Seguro, seus conjuntos de casinhas preservadas e construções do
século 19, como a Casa de Câmara e a Cadeia Pública, a Matriz de Nossa
Senhora da Pena, a Casa de Intendência, a Igreja Nossa Senhora do
Rosário, a Igreja da Misericórdia, o Museu de Arte Sacra. Porto Seguro
tem esse nome por causa dos arrecifes, muro natural de 1.750 metros, que
protegem a cidade.
ESPELHO - A partir de Arraial d'Ajuda, que tem 18
quilômetros de praias de águas mornas, coqueirais e falésias, pode-se
ir para praia do Espelho das Maravilhas, Curuípe, Rio da Barra, Caraiva e
outros lugares mais que especiais. Na verdade, cada um merece uma visita
demorada e não um bate-volta, mas melhor isso do que nada.
TRANCOSO - Em programa de um dia pode-se conhecer
Taípe, Rio da Barra, Trancoso, praia de Coqueiros, praia de Nativos e
Pedra Grande, seis das mais belas praias do Sul da Bahia. O passeio de
lancha para Trancoso dura quatro horas. Em outro roteiro, pode-se ir lá
à noite. Depois de passear pelo Quadrado, o famoso centrinho onde ficam
lojas de artesanato e ateliês, escolhe-se um dos restaurantes chiques,
mas descontraídos, como Cacau, Capim Santo, Aki Sushi, Maritaca ou
Cambuza para jantar.
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